Após Penha, algumas reflexões foram feitas em caráter de EMERGÊNCIA.
Se você tem paciência, segura na minha mão, faz o sinal da cruz e vem comigo! (créditos Katylene).
Sou super apaixonada por esportes, daquela que assiste tudo, luta, x-games, olimpíada de inverno, de verão, tênis, alpinismo, aquele campeonato dos fortões puxando caminhão, etc.
Pratico esporte há um bom tempo, tenho um estilo de vida esportivo, e me beneficio de alguma forma disto. De muitas formas. Mas não tenho o compromisso que um atleta tem com performance. No meu caso, porque EU NÃO TENHO PERFORMANCE , mesmo treinando direitinho!! Explico. Não tenho aquele talento físico, aquele tchans natural, caixa e lata, para ser uma atleta de performance, que vai brigar pelos primeiros lugares, mesmo no amador.
Ah, e sem pudores: adoraria ter.
Há quatro anos, descobri o triathlon. Que lindo. Mesmo.
Gosto de treinar, tenho disciplinada e persistência. Não me intimido com desafios, sempre parto do princípio de que posso fazer as coisas, de que sou capaz. O triathlon é gentil e amável com aqueles que têm estas características (ou querem desenvolvê-las). Parece meeega difícil, mas não é. E eu falo isto para todo mundo. Mas tem que gostar de treinar... e o mais importante, treinar (tipo, FAZER os treinos).
Sou competitiva, não tenho vergonha de dizer que AMO ganhar. Amo quando a pessoa, o time para quem estou torcendo, ganha. Amo ganhar no dominó. Amo quando meu trabalho (profissional) se destaca e é reconhecido. No começo da minha jornada triatlética, eu ficava muito decepcionada quando chegava por último. Foi uma espécie de choque – “poxa, estou treinando direito, como posso ir tão mal?”. Até eu entender que aquela lei da física também valia aqui (vc é rápida? depende do referencial), e que para mim as coisas seriam mais difíceis... eu não tinha referência. Eu tentei, tentei e tentei. Até eu vestir as sandálias da humildade, levou quase um ano.
O que me salvou de ter virado uma mala sem alça (assim imagino), ou de ter desistido, é que minha autoestima é (quase) inabalável. Não sou auto-suficiente, mas minha atração pelas missões aparentemente impossíveis vem do fato de que eu (penso que) posso tudo, até que se prove o contrário. Eu ainda acho que posso ser uma boa triatleta. Se não der... ok também, isto não tira meu valor nem tudo que eu ganhei tentando, desde que eu não venda minha alma ao diabo (ave Maria cheia de graça... não existe café de graça!!!).
Não tem aquele conto que diz que o importante é o caminho? Adianta ter “sucesso” se você fode o caminho?
Hoje em dia, treino com a mesma vontade do início. Mas alguma coisa mudou. Naturalmente mudou. Ainda me decepciono quando vou mal, mas na maior parte das vezes estou comemorando cada minuto ganho. Se não é fácil ganhar minutos, para mim é muito difícil. Comemoro cada treino feito. É um saudável fazer o que gosta (hobby) trabalhando das 8 às 19hs. Já identifico melhor os motivos que fazem as coisas não irem bem, e ter consciência é o maior barato!!! (consciência corporal é o maior barato).
Eu já tinha indícios, já estava neste caminho. Só que agora, depois de Penha, ficou muito claro. Eu sou uma pessoa melhor do que eu era quando comecei, mais humilde e consciente. Talvez eu não possa fazer um super tempo. Mesmo assim, minha jornada é alegre. Este blog me ajudou nisto tudo. Eu brinco de ser atleta. Eu valorizo muito o trabalho, as vitórias e derrotas de um atleta de verdade.
Talvez por isto, eu não tenha me sentido muito parte do evento, da prova (Penha). Engraçado, acho que este post é sobre isto. Parênteses: 20 parágrafos depois, eu descubro que este post é uma espécie de mea culpa por não ter achado fazer uma prova 70.3 IronMan assim.... grande coisa.
Eu gostei da prova, valeu mesmo. Mas meu ponto é: nosso esporte é muito ROCK´N ROLL. Só que eu estava lá em Penha e achei tudo BOSSA NOVA, meio blasé. Nada contra, mas desconecto.
Ok, talvez seja só blá blá blá. Talvez seja eu, então. Talvez eu não pertença mesmo.
Hoje, na internet, estão rolando várias discussões sobre vácuo, sobre ter ou não equipamentos, doping. Verdadeiras críticas ao que este esporte virou. Seria um movimento de resgate ao que o esporte (IM) era? Sempre competitivo, provavelmente com casos de doping, porém mais roots, primitivo, instintivo, divertido.... tipo “quem é o mais louco nesta p#@%, quem faz os treinos mais insanos, quem arrisca mais”.
Sinceramente, estou mexida. Quero estar atenta aos meus próximos passos dentro do triathlon. Quero me certificar de que cada treino, cada competição, de que tudo isso fará de mim uma pessoa melhor, uma pessoa contente, menos careta. Já tenho planos, quero me divertir mais e mais e mais... e vou fazer direitinho a conta, não vou bobear.
Meu talento é outro, o que não me impede de praticar MUITO esporte, de me testar, me jogar numas roubadas e fazer coisas muito legais. Quem sabe eu até fique boa? Eu quero é rock.
PS nada a ver: o rock morreu, renasceu, morreu de novo, viveu e assim ele vai seguindo seu ciclo, se reinventando. E este rock nacional de hoje está gritando “Por favor, me dê um tiro de 13!!!”. Isto não tem nada a ver com a época, idade... tem a ver com as pessoas, com o que elas valorizam e sentem. Este final de semana, assisti “Homem do Futuro” e descobri, depois de 15 anos, que gosto de Legião Urbana. Eu já gostei de Legião, meu pai ouvia quando eu era criança, e me lembro de perguntar pra ele, no banco de trás do carro, o que significava “não sou mais tão criança ao ponto de saber tudo”. Ele me explicou que era bobagem achar que adulto sabia de tudo. Legião existiu, morreu e voltou a existir agora. Passei a semana toda pensando em triathlon e cantando “Somos tão jovens!”.