WORK HARD AND PLAY HARD

quarta-feira, 13 de junho de 2012

AINDA SOBRE O OLHAR


Folheando um dos meus “alguns” cadernos, vi o seguinte texto:
“O milagre.
Dias maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia... e do lábio do amigo brotam palavras de eterno encanto... dias mágicos... em que os burgueses espiam, através das vidraças dos escritórios, a graça gratuita das nuvens.” Mario Quintana.

Por que o burguês? Acho que porque ele é o pobre que ficou rico e que, quando em vez, tem saudades de quando era pobre e apreciava apenas o que era de graça. Entenda por “riqueza” não só moedas e dólares. São nos dias mágicos que nosso olhar percebe o que é gratuito ao nosso redor.
Como anda seu olhar?
O meu anda oscilando. Hoje ele está afiado. Eu sou o burguês no escritório. Se você me perguntasse, eu diria que nunca estive tão consciente (não pergunte amanhã - fazendo A BIPOLAR – rsrsrsrs).Estou contemplando as coisas simples da vida. Estou com menos pressa, mas bem ligada no que tenho que fazer para atingir meus objetivos.Quero mais tardes de interior, vendo o mundo girar. Quero ver as nuvens, brincar de decifrar as nuvens. Quero continuar vestindo minhas roupas confortáveis. Quero continuar gostando de sentir cheiros bons, frescos. Quero ouvir punk rock, mas também quero poder ir para meu canto ouvir som de água (de mar, de rio, de chuva).Quero ver o lado bom da dor (no esporte ou no deixar para trás), da morte, da vida e das pessoas. Quero enxergar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

VOLTEI RECIFE


"Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço. Quero ver novamente vassouras na rua abafando, tomar umas e outras e cair no laço."

Há duas semanas, estava na minha mesa com a cara “enfiada” no computador, quando uma colega de trabalho apareceu, em pé ao me lado, imponente mas com uma cara preocupada, me dizendo que tinha que me pedir um favorzão. Sabe quando a perna amolece? Logo pensei “ai, lá vem bucha”. Pensei no pior. Nem respondi e ela continuou – “preciso que você dê um treinamento para mim, minha equipe estará toda ocupada, não temos quem vá e não dará para remarcar com o cliente”. Eu disse “ah, é só isso.... quase morro do coração”. Ela – “pois é, mas o treinamento é sábado, 14hs, em Recife (e ficou vermelha)”. Ok, “No problems, eu vou”.
Escolhi mal o voo de ida: saída de Congonhas sexta, no início da noite (meu raciocínio de pelega foi “assim aproveito melhor o dia no escritório”). Aeroporto lotado, check in idem fila do Playcenter. Voo cheio e com escala. Fiquei sem jantar e cheguei 1hora da manhã no hotel, alta madrugada para mim. O avião aterrissou, mas meu mau humor continuou nas alturas.
Meu celular não pegava, o quarto estava quente, eu estava sem voz (resquício de garganta inflamada da última semana), sem poder ligar o ar condicionado (ou ele, ou minha voz para o treinamento). Resumindo, um terrível astral.
Liguei para o Glau para avisar que estava viva, ele perguntou: “E ai, tudo bem? O quarto é bom?”. Eu disse: “Nãããããão, tudo mal, o quarto é horrível, etc”. Demorei para dormi, lá pelas 2 da manhã.
Já tinha me programado para fazer uma corridinha no sábado de manhã, levei roupa, tênis, etc.
O relógio despertou as 7hs e eu não quis levantar. Pensei “vou jogar tudo para o ar, que correr que nada” e voltei a dormir. As 8h30, acordei novamente e me deu um estalo: “agora vou correr!!!!! Agora estou bem para levantar.... MAS... se sair para correr as 9hs, vou perder o café da manhã. Uma pena, vou voltar a dormir”. Pensei mais um pouco... “estou deixando de correr por causa do café da manhã??? Será que está certo???”. Aí lembrei do Glaucus, que as vezes me dá bronca dizendo “Carolina, pare com isto, você já passou fome alguma vez na sua vida??”. Ele sempre me fala isto quando me vê preocupada com comida (quero sempre esquematizar onde vou comer, o que vai ser... sou meio chata para comer “bugiganga”, lanche, salgadinho). Este pensamento mexeu comigo. Levantei. Dane-se o café da manhã, vou correr!!! Depois eu me viro pra tomar café em algum lugar.
Sai já do hotel, que estava a 1km da praia. Antes de chegar lá, passei pelo famoso edifício Hollyday. Diminuí um pouco o passo. A arquitetura é realmente linda. A precariedade também é notável. Este contraste chama atenção. Filosofei – tudo tende ao caos.
Mais um pouco e já estava na beira-mar da praia de Boa Viagem. Senti o ambiente melhor do que a última vez que estive lá, mais bonito e seguro. E fui correndo, correndo.... um calor enorme, com 20min eu já estava suando em bicas. Tudo foi ficando mais bonito, as coisas foram encaixando-se, fazendo mais sentido. Corri 10 km e na volta, vi que tinha uma loja de conveniência e parei para resolver a pendência do café da manhã. A atendente foi super simpática, perguntou da onde eu vinha, emendamos um papo e depois de pagar, eu disse “tchau, boa sorte, eu nunca mais vou te ver” – rsrsrsrsrs – ela respondeu com simpatia, mas eu saí da loja achando que não devia ter dito isso... mas saiu tão espontâneo. Endorfina é mesmo meio “chapante”.
Chegando no hotel, tive a ideia de colocar mel no meu iogurte (sempre tem mel no café da manhã). Fui para onde o café é servido e pedi um copinho de café, para pegar o mel que ainda estava no buffet. A senhorinha que o desarrumava foi muito prestativa, já me trouxe da cozinha o copo com mel.
Meu ponto é: de repente, tudo estava lindo, feliz. Um cenário totalmente diferente do da noite anterior. Tudo mudou? O lugar, as pessoas? Não, acho que EU MUDEI e o fiz por causa da corrida. Não foi um treino fácil, o cansaço da viagem e o calor estavam fortes, mas justamente por isto, eu tb fiquei mais forte para enfrentar o resto do dia com otimismo.
Não tem jeito, o esporte é minha pinga.
No final do dia, fiquei “p” novamente: erraram o horário do meu voo de volta. Tive que pagar a troca de passagem, além de chegar em casa 2 horas mais tarde do que o previsto. Mas aí é outra história, que só resolvi no pedal de domingo.