Ontem acordei preguiçosamente as 9h30.
A programação era a seguinte: tomar um café da manhã de atleta na padaria, digerir o café assistindo o Tour de France, almoçar um almoço de atleta, digeri-lo fazendo qualquer coisa (uma soneca, quem sabe), e sair para um giro de corrida, lá pelas 15h30.
Quando meu marido (Glau) retornou de suas andanças, o Tour tinha acabado de acabar e eu já estava entrando numa soneca boa no sofá, mas acordei e logo peguei minha check list. Constatei: hora de almoçar! O Glau ponderou “por que não correr agora? Estou sem fome nenhuma e já tiramos isto da frente”. Eu estava com fome. Além disto, meu café da manhã de atleta não era suficiente, minha reserva de gel se foi sem ser reabastecida... que fazer? Abri a geladeira e vi que tínhamos 1 pedaço de pizza de atum... hum delícia... comi.
Alonguei, olhei o tempo, nem frio nem calor, ótimo! Qual percurso? Ele imediatamente definiu “Imigrantes – Anchieta” (Servidei Demarchi / Estrada do Batistini – SBC). Bem, percurso difícil, 11 km que valem por 15, já que as subidas são muito duras. Eu topo! E estamos perto de casa, caso a pizza vire revertério, eu tinha para onde correr (de volta para casa, literalmente).
Eu já sou conhecedora deste caminho: “Glau, é melhor seguirmos sentido Anchieta primeiro, é plano e aquecemos bem. Ir direto para Imigrantes significa aquecer na ladeira mais dura”. Neste momento, o Glau com feição muito séria, de quem sabe o que faz, pediu um voto de confiança – “Vamos para a Imigrantes, vem nimim”. Claro que eu dei meu voto, pedindo assim! E lá vamos nós, sentido Imigrantes. Iniciou-se o que futuramente será conhecido como Le Tour de Glau.
Ele corre infinitamente mais rápido que eu, mesmo eu treinando infinitamente mais que ele (maldito!), mas segurou bem o ritmo para me acompanhar. Sobe, desce, sobe, desce. Ele mantendo-se sempre a uns 30 mts na minha frente. Chegamos na interligação e ele segue em direção a Imigrantes mesmo, para a estrada. Para minha surpresa de motorista, que não repara bem no caminho, este trecho é MUITO íngreme, gente, é uma subida daquelas que vc inclina o corpo e vai na ponta do pé! Eu comecei a querer xingá-lo, quando entramos na Imigrantes mesmo.
O barulho dos carros, caminhões, etc é muito alto. E a adrenalina, o medo? ? Comecei a me sentir estranha, a boca começou a secar, quando então começamos a... tchanam... subir. Cara, são 1,5 km de subida sem sair de cima. Ai vendo aquele morro lá em cima e a cabeça meio borrada (efeito asfalto/calor) do meu cônjuge, comecei a gritar “Glaaaaaucus”. Claro que ele não ouvia, parecia até acelerar mais. De repente ele dá aquela olhadinha e eu abro os braços, como quem diz “Até onde vamos? ? ? ?”. Ele parou. Quando o alcancei e consegui fazer a pergunta que estava me matando de curiosidade, ele respondeu sorridente “vamos até a primeira saída, entramos “por dentro” e vamos sair lá na Brasul (perto da nossa casa), vai dar uns 15 km”. Eu devia ter desconfiado, na verdade eu desconfiei, mas não quis dar uma de chata e fui com uma condição: “Preciso tomar água”, foi o que eu disse, assim, verbalmente. Nas entrelinhas, estava dizendo “vc é o macho provedor fdp responsável pela minha sobrevivência neste momento, vá dar um jeito de me arranjar água”. Ele leu nas entrelinhas e avistou um posto de gasolina. Como ele estava um pouquinho na minha frente, foi na direção do banheiro e entrou direto no masculino. Eu fiquei lá fora esperando ele sair, para pegar o dinheiro e comprar uma água na conveniência. Quando ele saiu, me olhou espantado: “já bebeu? ? ? ?”. Hein? ? “Já bebeu água na torneira do banheiro feminino? ?”. A desconfiança virou certeza, sim eu estava na maior roubada. Bebi água na pia do banheiro, rezando para não pegar nenhuma doença intergaláctica, mas não reclamei.
O caminho “por dentro” se revelou aquilo que vocês já devem estar imaginando: um sobe e desce com ladeiras dignas deste post de bem mais que 140 caracteres. Eu pensei: “minha vingança vai ser não desistir, ele deve estar morrendo de vontade que eu sente, chore e peça um taxi. Vamos lá Carol, vc vai até o fim”.
A cada início de subida, o Glau dava aquela olhadinha para trás, com cara de cachorro quando faz coisa errada, e me mandava um sorrisinho travesso. Nesta altura eu me dei conta de que nem ele imaginava que seria aquilo. E o pior, comecei a achar que ele não sabia direito onde estava. Tive certeza quando chegamos na praça que fica entre a Kennedy e a João Firmino, ou seja, bem longe da Brasul.
Paramos para beber água no tanque de lavar roupas, no posto da PM. A esta altura já doía até o terceiro olho e o ritmo, que até que estava bom (acho que adrenalina), caiu bastante. Continuamos, entramos na Anchieta (mais medo), entramos na Servidei novamente e fim, casa!
Quando acabou, minha vontade era xingar, mas estava cansada e a situação do dito cujo tb não era muito diferente, deu dó. Foram 2hs de corrida (contando as 2 paradas, que devem ter dado uns 5 min). A kilometragem ttl não sabemos, precisa medir com carro. Ou não, podemos inventar uma na hora de contar a história... dizer que foram 25km, ou 31... sei lá.
De qualquer forma, dado o período festivo que o ciclismo vive hoje (e pedindo uma licença poética já que não fomos de bike), patenteamos o percurso como Le Tour de Glau. Eu já devia saber que vindo do meu cangaceirinho predileto, fácil não ia ser.
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