WORK HARD AND PLAY HARD

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PIRA, PIREI!

Pirassununga, a prova com quem namorei nos últimos 3 meses.
Fácil, difícil, amor, ódio, dor, prazer, dá, não dá, vou, não vou... este foi o tom, uma miscelânea de tons.
Relendo um pouco meus relatos, fiquei com a sensação de que registrei mais os momentos tensos, então antes de começar o relato da prova, ainda no que diz respeito à minha preparação, vale a ressalva de que me diverti muito e de que fiz porque gosto. Gosto muito.

Mini recadinho 1: Aos que leram meus posts “tensos” sem me julgar e, principalmente ao Prof. Brito, Prof. Vavá e ao Glau que viveram isto mais de perto, obrigada pela paciência! Entendam que não se forma um atleta da noite para o dia, e eu sou de carne, osso e coração.

Vou começar com o tempo final de prova: 6h44´. Foram 44´ a mais do que o planejado, mas não me frustrei. Agora sei por experiência que em provas longas as chances de imprevistos são maiores. Ok, faz parte e eu reverencio isto aqui e agora.

Mini recadinho 2: Emo, vc deu pra trás, mas eu cumpri com o tempo prometido em Penha... agora vc terá que batê-lo pelo menos com um 15 pra´sete em qq prova de meio IM que houver por aí.

Surtei no sábado de manhã, sonhei que a bike tinha dado pau e encanei que o pneu ia furar, o clip ia entortar, o raio ia explodir. Atrasei o horário de partida (meu e de quem ia comigo) para passar na bicicletaria, fazer a última revisão. O Glau, muito sábio, não contestou nesta hora – ia sobrar para ele. Na bicicletaria, nem tirei a bike do carro. Me disseram meia dúzia de palavras que me fizeram retomar a razão: “não, a bike não vai explodir”; “se preocupa só em fazer força”; “não pensa negativo que dá zica” foram algumas delas.

Mini recadinho 3: Jonson, vc tinha razão, meu pneu não furou e a bike não explodiu. Mas tirou sarro do meu Accel e zicou o bendito, que foi parar no meio do mato (eu só tinha dado 2 goles – mais detalhes adiante);

Chegamos em Pira com um calor infernal, pegamos o kit e não demoramos muito na feirinha, só um oi para conhecidos e rumamos ao chalé. Depois de instalados, um passeiozinho até a beira de um lago/represa, relembrei como se troca um pneu, jantar, arrumação de sacolas e cama.
No dia da prova, arrumar a transição foi muito estranho porque as sacolas já estavam prontas, então foi só colocar a bike, deixar as sacolas do lado e pronto. Fiquei com uma sensação de “tá faltando alguma coisa”, mas deu tudo certo, não esqueci nada. Só o relógio – hahahahaha (eu sempre esqueço alguma coisa!).

Mini recadinho 4: Claudia, valeu por me emprestar seu relógio, pela paciência em esperar minha prova acabar e depois de tudo, ter tido a gentileza de carregar minha mochila para que eu trocasse de roupa. Sua sensibilidade fez diferença.

O objetivo da prova era terminar, sem grandes pretensões de tempo. Uma coisa que decidi nos treinos era que não ia ficar pensando “nossa, são 2 km + 90 + 21”, ou seja, não ia supervalorizar a distância. Ia encarar como “fichinha”, sem respeitar mesmo. Mas ainda assim, sabia que faria uma prova conservadora, sem preocupação com tempo.
Por isto a natação foi satisfatória apesar do o tempo longo. Não era o dia em que eu ia aplicar uma força maior ou qq coisa do gênero. Fui engolida na primeira volta pelos homens que já estavam na segunda, fiquei um pouco tensa nesta hora e me perdi, mas foi só isso. Aproveitei a água que era ótima e curti mais do que tudo. Saí inteira.
A T1 foi rápida, sem segredos. Saí para pedalar com o objetivo de fazer a primeira volta leve, reconhecendo terreno, vendo aonde dava para forçar, onde era mais difícil. Engraçado que no ano passado havia feito o short e tinha uma percepção muito diferente do percurso, estava achando que ele era difícil e me deparei com uma surpresa boa “Não, não é difícil”. Ai aconteceu. Ainda na primeira volta, depois da subida da igreja azul, minha bike dá um tranco e eu faço uma manobra do tipo Olimpíadas de Inverno. Derrapo para um lado, depois para outro, mas não caio. Pensei, ok, vou ter que trocar o pneu. Para minha surpresa, o pneu não estava furado. O suporte de garrafinhas traseiro caiu, levou o case de ferramentas junto. Não quebrou a parte plástica, quebrou um ferrinho que prende o bicho na bike. Encostei a bela na grama e um rapaz parou para me ajudar (infelizmente, não perguntei o nome dele). Entendemos juntos o que tinha acontecido e logo agradeci e pedi para que ele voltasse para a prova. Ele se certificou de que eu estava bem, que a bike estava ok e se foi. Eu não consegui prendê-los de novo e tive que decidir: os levava comigo até o Glau ou os deixava lá mesmo. Resolvi levá-los, apoiados no clip – um transtorno. Até achar a posição ideal, eles caíram e eu tive que parar novamente para buscá-los, a média caiu, passar nas lombadas pedia um malabarismo extra. Lá se foram alguns minutos da minha previsão de prova. Depois que entreguei o suporte e as ferramentas para o Glau, ainda praguejei até metade da segunda volta, o que me motivou a fazer uma forcinha extra para recuperar o tempo perdido. Depois esqueci. Tinha que pensar em outras coisas: manter média moderada e comer. Sem dores nas pernas ou nas costas, sem enjôo. Assim fechei a etapa de ciclismo inteira, mas 20 min acima do tempo previsto.

Mini recadinho 5: para o Desconhecido. Eu não esperava e não te criticaria caso vc não tivesse oferecido ajuda, mas sua atitude de parar foi nobre e elevada. Espero que tenha feito uma super prova, em um super tempo.

Mini recadinho 6: Dra Flávia, a alimentação sugerida foi impecável. Não erramos quando percebemos que seu trabalho é diferenciado. Obrigada pela dedicação.

De volta à prova, a T2 foi um pouquinho mais demorada do que o costume, coloquei meia... diferente. Carreguei os bolsos com gel, “entuchei” uma cartelinha de Dorflex e fui embora. Encontrei o Douglas logo na saída da transição, recebi com carinho suas palavras de incentivo. Saí para correr me sentindo forte. O plano era começar para 5´50 e, na segunda volta, apertar se desse. Passei o km 1 abaixo do previsto, segurei para cravar o tempo ideal até o km3. Aqui amigos, virou OUTRA PROVA. Entrei em uma estrada tenebrosa e interminável, o calor de 36 graus começou a pegar e o carburador começou a ferver. Mas aí veio o tal canavial sobre o qual o Glau tanto me alertou. Talvez seja psicológico, mas ali eu dei uma desconcentrada do ritmo, e comecei a avaliar. A impressão que tive é que as pessoas a minha volta, que a esta altura já estavam meio “borradas” estavam sofrendo e se lamentando, e tudo ficou mais pesado.

Mini recadinho 7: Não é canavial Glau, é uma estradinha de terra cercada de mato... depois vc diz que eu confundo tomate com maça... mas vc tb tá ficando muito urbano.

Quando saí da estradinha, era km 9 e eu pensei “Caralho, não vou correr 10km, não vai acabar daqui a pouco...”, o ouvido estava apitando. Nesta hora me deu medo, mas um medo diferente, não aqueles que a gente treme e esconde a cara. Era uma espécie de surpresa diante da grandiosidade de algo. Para quem já surfou, é o mesmo que ver um mar grande, uma onda grande pela primeira vez. Você admira e teme, porque aquilo é muito poderoso. Não significa que vc não vá dropar, mas vc não pode lutar contra o mar, não pode ridicularizá-lo, ele é mais forte. Você tem que fluir, se encaixar nele.... nessa, eu resolvi parar no posto de hidratação entre o km 9 e 10 e andar, enquanto tomava água com calma, tomava meu segundo gel, e jogava muita água na cabeça.

Maya Gabeira, dropando em Teahupoo, uma das ondas mais casca grossa do mundo!

Tive medo de não conseguir terminar (veja bem, não era vontade de parar e desistir, era medo de não suportar). Então, meu plano para terminar era, a cada posto de hidratação (de 2 em 2 km), caminhar um pouco, enquanto me hidratava e jogar muita água no corpo. Eu dividi o resto da corrida em pequenos trechos de 2 km e NÃO SOFRI MAIS. Naquela altura, não tinha muita gente correndo e o clima “umbral” já tinha desaparecido. Lembrava do Macca, aquela parte que ele dizia para perder tempo quando nos sentimos mal, e potencializar as sensações boas. Corri forte e bem, até começar a ferver novamente, quando parava para me hidratar, comer e baixar a temperatura do corpo. O mais incrível é que todas as dores que eu senti treinando, que eu achei que sentiria em um dado momento da corrida, não apareceram. Porém todavia contudo, tudo tem seu preço, e o meu foi adicionar 26 min ao tempo previsto da corrida.

Mini recadinho 8: Gelson, você me disse que eu não sentiria dor e eu não senti. Agulhas milagrosas. Obrigada pelo excelente trabalho, sem mencionar as palavras de incentivo e por acreditar que eu poderia chegar em primeiro lugar (só faltou eu acreditar, mas isto é outra pinga).

Cheguei bem, adrenada, conversando e contando tudo em detalhes. Tomei um Miosan para relaxar mas não fez efeito, de tão eufórica que eu estava. Viajamos de volta, cai na cama de roupa e dormi com a luz acesa.
Ontem, fui trabalhar com um sorrisão na cara. Não levei o dia no esquema “café com leite – estou cansada”. Ao contrário, lidei com assuntos importantes e difíceis, e fui quem ponderou e viu as coisas com otimismo, estava diferente, invencível.
Agradeço novamente ao Prof. Brito, Prof. Vavá pela paciência e por acreditarem em mim. Ao Glau tb por me aguentar (te amo!).

Mini recadinho 9: Amanhã vai ser outro dia... amanhã vai ser outro dia... Silvio, sou mais você 10 de abril em Caiobá e no Iron em Maio.

Agora estou de férias, 10 dias no mínimo. Não precisa nem dizer que estou contando os dias para treinar e planejando, secretamente, a próxima prova.

4 comentários:

  1. Boa Carol! Parabéns pela conquista e pela forma que encarou a prova!
    Caraca, tava difícil pra caceta!!!!!
    Próxima prova????? Caiobá em abril pô! Vamo que vamo!
    Bjo

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  2. Carol! Parabéns! Puxa vida, soubesse que vc estava lá, teria ido te cumprimentar pessoalmente! Foi, literalmente, uma prova de fogo!
    Quanto ao se comentário no meu blog, como vc pode ver, não mudei uma linha do post sobre Pira, mas fiquei preocupada com aqueles que não tem o espírito tão guerreiro como o seu e poderiam ter ficado desanimados! Eu SEI como é se sentir o cocô do cavalo do bandido!
    Kkkk e me passar o rodo, não, hein?! Vai ter de correr muito pra isso!
    beijão

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  3. Carol, Parabéns pela prova! Seus relatos são os melhores de todos! Que provinha hein! Tem que ser muito sangue nozóio mesmo! E quanto a ser de carne, osso e coração, acho que nos "piores momentos" é o coração e o amor incondicional pelo esporte que nos ajuda a seguir em frente. Em uma prova dessas o tempo final significa muito pouco perto de tantos aprendizados e de tanta superação. Mais uma vez parabéns!

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  4. Daniel, como você adivinhou meu plano secreto??? Será que estou tão previsível assim – rs! Então, estou considerando muito ir à Caiobá.

    Claudia, precisamos mesmo combinar! Quem sabe na próxima.... vamos conversando! Olha o rodo.... hahahahaha!!!!

    Ligia, fico lisonjeada com seu elogio porque achei sue blog muuuuito legal! Obrigada pelos seus comentários e passe por aqui, fico muito feliz mesmo!

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